SÃO PAULO - O esvaziamento dos atos do 1.º de Maio, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), resultou da falta de uma mensagem positiva para o eleitor, do desgaste da beligerância na política e do desarranjo na organização, dizem especialistas ouvidos pelo Estadão. As redes sociais refletiram também a baixa adesão nas ruas, e os engajamentos no ambiente digital ficaram aquém dos registrados em outros atos tanto à direita quanto à esquerda.
Os discursos dos eventos se voltam mais para o passado do que para o futuro, disse o cientista político Marco Antonio Teixeira. Bolsonaro, por exemplo, endossou manifestações em Brasília e São Paulo contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e em favor do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pela Corte e perdoado pelo presidente. Lula fez discurso focado em sua base mais fiel, a sindicalista.
“A única possibilidade que vejo em levar ou manter o povo na rua é oferecer esperança, possibilidades, sobretudo naquilo que é mais caro hoje para sociedade hoje. De um lado, pensar no futuro, conter a precarização das condições de vida, passando pelo emprego e controle de preços. Do outro, ter um mínimo de civilidade. Talvez o que o povo queira é um pouco mais de respeito, além de perspectiva de futuro”, disse Teixeira, que é professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-SP.